Depressão o mal do século !!!

 Sinta-se na primeira pessoa !!!

Eu me sento num canto suave do meu quarto e, aos poucos, sinto a presença de uma luz tênue que me envolve. É como se, em volta de mim, um pequeno altar de esperança tivesse sido erguido pelas mãos gentis de quem me cuida. 




Fecho os olhos e deixo que um pensamento se espalhe pelos meus pensamentos: “Minha alma floresce na luz que sou”. Repito essas palavras como se semeasse, em meu jardim interno, coração despertando em meio a noite. Cada sílaba é uma gota de luz.

Mais tarde, mergulho minhas mãos numa bacia de água morna ao tocar a superfície líquida, imagino minhas angústias dissolvendo-se suavemente. Quando despejo essa água no solo, sinto que devolvo ao universo o peso que não me cabe mais, e as pequenas plantas que repousam ali parecem se alegrar com o meu gesto de renúncia.

A música começa, lenta, e eu permito que meu corpo se mova liberto. Giro e balanço os braços, deixo o vento interior soprar onde antes havia lentidão. Nessa busca sem caminhos  certos, redescubro as linhas do meu próprio mapa afetivo, e cada movimento me lembra que ainda sou feito de alma e de desejo.

Agora sentado, sem pressa, ao lado de quem me acolhe em silêncio. Segura minha mão com uma ternura que não exige explicações. É nesse silêncio compartilhado que sinto o invisível alterar sua forma e se tornar cuidado, calor e abrigo.

Aqui, na minha própria primeira pessoa, vejo que a depressão pode ter sido um portal escuro, mas me descobri capaz de atravessá-lo. A cada momento, volto a me reconhecer como lar e como sonho, pronto para florescer na luz de um novo dia.

Depressão !

Para Freud, a depressão não era um mero desequilíbrio químico, mas o reflexo de conflitos inconscientes e de um luto não elaborado. Ele distinguiu o luto, resposta natural à perda de um objeto amado, da melancolia, na qual o “eu” se identifica de modo patológico com o objeto perdido, projetando nele agressividade e culpa que se voltam contra si mesmo.

O principal objetivo da psicanálise freudiana é trazer à consciência esses conflitos e desejos reprimidos, permitindo que o paciente atravesse o luto de forma saudável. Isso envolve:

- Revelar fantasias e sentimentos inconscientes relacionados à perda.
- Trabalhar a culpa inconsciente que sustenta a autodepreciação melancólica.
- Restabelecer uma ligação libidinal sazonal, transferindo gradualmente o investimento afetivo do objeto perdido para novas referências objetais saudáveis.

    As intervenções clássicas de Freud para tratar a depressão maior incluem:

    - Livre associação para emergir conteúdos reprimidos.
    - Interpretação dos sonhos como “via régia” para o inconsciente.
    - Análise da transferência, onde o paciente projeta no analista relações passadas.
    - Interpretação das resistências e defesas que bloqueiam o trabalho de luto.

    - Elaboração do luto, ajudando o paciente a diferenciar o processo normal de perda daquele melancólico, patológico e inibidor da libido.

      No ensaio “Luto e Melancolia” (1917), Freud descreve a melancolia como processo em que o paciente, incapaz de renunciar internamente ao objeto perdido, introjeta-o e depois ataca esse objeto internalizado. O tratamento psicanalítico visa auxiliar o sujeito a desmontar essa identificação patológica, promovendo a restauração do eu e liberando a energia psíquica aprisionada na melancolia. Em termos de libido, a depressão pode se manifestar como inibição (neurose de angústia) ou como melancolia (neurose narcísica), e cabe ao analista diferenciar e trabalhar cada modalidade.

      O processo analítico freudiano é longo e exige uma aliança terapêutica sólida. A cura da depressão maior ocorre à medida que o paciente toma consciência dos conflitos subjacentes, elabora o luto e retoma o investimento libidinal em novos objetos de afeto. Com isso, restabelece-se o prazer de viver e a capacidade de construção de vínculos saudáveis.


      Com carinho CR.

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