Escolha olhar!

Um Encontro Inesperado

Era uma tarde comum na cidade onde moro. Caminhava sem pressa, e o murmúrio da vida urbana, carros passando, conversas distantes, o canto ocasional de um pássaro, criava uma trilha sonora familiar. Tudo parecia como sempre, até que...

Percebi, de repente, uma presença. Não era algo que eu pudesse explicar, mas uma sensação, como se alguém estivesse alinhando seus passos aos meus. Olhei para trás, discretamente, e vi um homem a alguns metros de distância.

Ele caminhava com calma, as mãos nos bolsos de roupagem simples, o rosto normal, quase como se estivesse apenas apreciando o dia, enfim uma pessoa comum. Não parecia ameaçador, mas havia algo estranho em sua presença, bem,  continuei andando, tentando ignorar, mas a cada esquina, lá estava ele, mantendo a mesma distância, e o mesmo ritmo.

As ruas da minha cidade, que sempre me pareceram tão comuns, começaram a se transformar em um cenário meio estranho, e eu comecei a ficar com medo. Passei pela praça, onde as mães levavam as crianças para brincar e os mais idosos jogavam no banco da praça, mas,  ele ainda estava lá.

Atravessei a rua movimentada, e ele estava lá, 'não, não seguiu, acompanhou', esta sugestão veio a minha mente, mas eu a afastei, tentando racionalizar, talvez fosse coincidência, talvez ele apenas estivesse indo na mesma direção.

Mas o desconforto cresceu, minha respiração acelerou, e uma mistura de curiosidade e irritação tomou conta de mim.

Quem era aquele homem?

Por que ele parecia tão determinado a manter-se próximo?

Decidi que precisava de respostas. Parei abruptamente na calçada, próximo a uma banca de jornal e sorvetes, e me virei. Ele também parou, a poucos passos de mim, com um leve sorriso no rosto, como se soubesse que aquele momento chegaria.

- Por que você está me seguindo?  perguntei, minha voz saindo mais firme do que eu esperava, embora meu coração batesse rápido.

Ele me olhou nos olhos, e havia algo neles que eu não conseguia descrever. Uma profundidade, uma calma que parecia atravessar o tempo. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se minha pergunta o divertisse, e respondeu com uma voz suave, mas clara:

- Não estou te seguindo. Estou te acompanhando. Eu disse a você, no início dos tempos, que estaria ao seu lado pelo resto de seus dias.

Fiquei paralisado, suas palavras adentravam em minha mente, como se tocassem algo muito antigo, algo que eu sabia, mas havia esquecido. Antes que eu pudesse processar, ele completou, com uma simplicidade que fez o mundo ao meu redor parecer silenciar:

- Eu me chamo Jesus.

- Você já se perguntou por que caminha por essas ruas?

- Por que vive os dias como vive?

Ele perguntou, gesticulando para a cidade ao nosso redor.

- Cada passo que você dá, cada escolha que faz, eu estou lá. Não para julgar, não para controlar, mas para lembrar. Para te guiar, mesmo quando você não percebe.

- Mas eu não te vi antes, disse eu, Se você estava me acompanhando, por que só agora?

- Eu sempre estive aqui. Às vezes, você estava distraído. Às vezes, você escolheu não olhar. - - Mas hoje, você escolheu olhar. 

- Hoje, você perguntou. E eu sempre respondo quando você pergunta.

- O que você quer de mim?  perguntei, sentindo um misto de medo e esperança.

- Quero simplesmente que você lembre quem você é. Que você caminhe com coragem, mesmo quando o caminho parecer incerto. Que você saiba que, não importa o que aconteça, você nunca está sozinho. E, talvez, que você pare de vez em quando para conversar comigo.

- E agora? perguntei eu.

- O que faço com isso?

- Continue caminhando, ele disse, apontando para a rua à frente.

- Viva. Ame. Pergunte. E quando sentir que precisa, olhe para o lado. Eu estarei aqui.


Escolha olhar o seu próximo e não tenha dúvida ou vergonha, mas tenha a certeza que  ajudar o próximo, nada mais é do que colocar em prática as orações que você faz todos os dias.


Com carinho CR.

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